Já notaram que um dos meios de transporte coletivo mais utilizado no cancioneiro popular é o trem? Não encontrei motivos lógicos para o trem ser preferido de 8 entre 10 compositores. Talvez seja o fato de ser um dos meios mais utilizados do mundo ou ainda todo romantismo que poderia eventualmente existir neste tipo de viagem – mas venhamos e convenhamos que tal romantismo não exista mais nos trens de hoje em dia.
Se você não está convencido do sucesso do trem no mundo musical, podemos citar os hits Runaway Train do Soul Asylum, Crazy Train do Ozzy ou ainda The Day We Caught The Train do Ocean Colour Scene só pra inÃcio de conversa. Mas nem precisamos ir muito longe não. Aqui em terra brasilis já tivemos Seguindo No Trem Azul do Roupa Nova e o famosÃssimo samba Trem Das Onze eternizado pelo grupo Demônios Da Garoa. E se a palavra trem não estiver no tÃtulo da canção, vire e mexe ela acaba aparecendo de forma metafórica como em Encontros E Despedidas, composição da dupla Milton Nascimento e Fernando Brandt.
É engraçado pensar no trem como fonte de inspiração musical. E ouvindo mais atentamente uma das canções que mais gosto da soul music, composta pelo lendário Curtis Mayfield, percebi que este meio de transporte se fazia presente de forma metafórica.
Graças às páginas da revista Showbizz que descobri Curtis Mayfield. A matéria que li resenhava Superfly (1972), trilha sonora do filme homônimo e um dos trabalhos de maior sucesso comercial da carreira solo de Curtis. Mas antes de ser artista solo e ganhador de dois Grammys Awards na década de 90, o multi-instrumentista e compositor norte-americano pertenceu ao importante grupo The Impressions.
Curtis, que ingressou neste grupo em 1962, deixou sua marca em obras primas como Keep On Pushing – música que tinha um cunho polÃtico, utilizada como uma espécie de hino pelo movimento dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos – e a belÃssima People Get Ready – a tal canção do soul music que mais gosto e que utiliza o trem numa metáfora religiosa.
People Get Ready foi considerada em 2000 como sendo uma das 10 melhores canções de todos os tempos numa eleição realizada pela revista Mojo, onde apenas compositores consagrados participaram da votação. E por ser uma jóia musical rara é normal que existam diversas covers para ela. Possivelmente, a mais famosa foi gravada por Rod Stewart acompanhada pelos potentes riffs de Jeff Beck...
Apesar de ser a mais famosa de todas, a versão gravada por Eva Cassidy merece um destaque por sua qualidade e beleza vocal.
A cantora norte-americana Eva Cassidy era detentora de uma lindÃssima voz. Mas infelizmente, no auge de sua carreira, descobriu ter um câncer o qual veio a retirar sua vida aos 33 anos de idade. Meses antes de falecer, ela nos deixou um belÃssimo registro ao vivo gravado numa famosa casa de jazz em Washington D.C. O eclético Live At The Blues Alley (1997) contém apenas covers, que vão dos clássicos do jazz como Cheek To Cheek de Irving Berlin e Fine And Mellow de Billy Holiday, passando por canções mais populares como Field Of Gold de Sting e Take Me To The River do Al Green. Mas a proeminente interpretação de People Get Ready é com certeza um dos pontos altos deste álbum.
Apesar da trajetória musical de Eva ter passado por este mundo como um trem bala, suas imaculadas interpretações ficaram eternizadas na memória dos fãs da boa música. E que o trem de Curtis transporte boas influências para as novas gerações do soul.
não é ela fez versões pros bealtes tb?
ResponderExcluirpra mim a original era do rod stewart, grande descoberta no dia de hoje! a original é muito mais legal! (do q a do rod)
menina, eu naum sei se ela fez versões de sucessos dos beatles. é bem capaz que sim! pois é, muita gente acha que a original é do rod. a verdade é que jeff beck eternizou people get ready com seus riffs...
ResponderExcluirNão conhecia essa cantora. Nossa, a voz dela é muito bonita, emotiva. E quanto à original: não se faz mais soul music como antigamente.
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