Antes de começar, acho interessante esclarecer minha relação com a música dos Mutantes. Acho fantástico o que os caras fizeram na época, e a forma como colocaram a cara a tapa na tentativa de subverter as ideias correntes. Tenho todos os discos e gosto de verdade. Porém, tenho de confessar também, por outro lado, que acho um tanto exagerada essa marca absoluta de genialidade que tentam imprimir, principalmente à figura do Arnaldo Baptista, até hoje. Nada me tira da cabeça que o tão propalado imenso sucesso da banda no exterior se deve mais ao fato de que deve ser cool para um cara lá fora dizer que conhece uma banda de rock psicodélico brasileira da década de 1960. E depois que Kurt Cobain e Sean Lennon (o filho do homem) dizem isso, quem é que vai dizer o contrário.
Enfim, gosto dos Mutantes, admiro o que a banda alcançou e acho que eles conseguiram, muito justamente, deixar seu nome na história do rock. Mas acho o hype em cima da genialidade do Arnaldo Baptista um tanto exagerado. Assim como fazem em relação ao Syd Barret, do Pink Floyd, mas isso já é oooutra história. Sei que ninguém me perguntou isso, mas sempre gosto de esclarecer. Dito isto, vamos tocar o bonde.
O álbum em questão, A Divina Comédia Ou Ando Meio Desligado, o terceiro da banda, foi considerado um marco na carreira do grupo, por demonstrar o desejo da banda de se bandear cada vez mais para o rock, distanciando-se um pouco mais das cores tropicalistas, o que culminou, anos mais tarde, com a saída de Rita Lee e o abraço definitivo da banda ao rock progressivo. A faixa Ando Meio Desligado é, certamente, uma das músicas mais lembradas da banda até hoje (com diversas regravações desde então, ou seja, mais material para nós). Mas foi com Chão de Estrelas, que eles conseguiram tirar o povo do sério.
A canção de Sílvio Caldas, em parceria com Orestes Barbosa, foi eternizada em sua própria voz, e regravada por vários dos grandes intérpretes de nossa música, como Nelson Gonçalves e Maria Bethania. Lançada em 1937 (é, faz muuuito tempo mesmo), é até hoje lembrada como um dos maiores sucessos do seresteiro, e realmente é uma grande canção com uma belíssima letra.
A canção de Sílvio Caldas, em parceria com Orestes Barbosa, foi eternizada em sua própria voz, e regravada por vários dos grandes intérpretes de nossa música, como Nelson Gonçalves e Maria Bethania. Lançada em 1937 (é, faz muuuito tempo mesmo), é até hoje lembrada como um dos maiores sucessos do seresteiro, e realmente é uma grande canção com uma belíssima letra.
Mas aí vieram os moleques dos Mutantes e, mais de quatro décadas depois, resolveram jogar tudo para o alto. O resultado é que a música, despida de seu teor solene, e até um tanto soturno, revelou-se extremamente divertida. Confesso que a primeira vez que escutei essa versão, não conseguia parar de rir e repetir o final da música. Fiquei até na dúvida se classificava esta versão como Covers for Fun, mas acho que ela merece ficar por aqui mesmo. É óbvio que críticos e puristas, passadas outras quatro décadas, ainda hoje, não se cansam de desancar a banda por conta do que foi entendido como desrespeito a um ícone da música brasileira. Mas entendam minha gente: é só uma brincadeira. Coisa de moleques.
Why so serious?
Fantástica versão. Bem lembrada Varotto. Genial. Sem muito hype né. Mas é genial mesmo. Afinal, eles refizeram a canção conseguindo capturar o senso de humor escondido nas nostálgicas memórias...
ResponderExcluirMeu avô por parte de mae, filho de japoneses, adorava Silvio Caldas e Orlando Silva...
Valeu
Obrigado por adicionar a foto no post. Acho que fiquei tanto tempo fora que me esqueci do protocolo... :o)
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