É curioso constatar que Something Else, um dos melhores discos da carreira do The Kinks, é também um dos discos menos vendidos do catálogo desta banda inglesa.
Lançado em 1966, ano que muitos crÃticos musicais consideram ter sido um dos melhores do rock, graças a produção de discos inovadores como Pet Sounds dos Beach Boys ou Blonde On Blonde do Dylan dos Stones, o brilho de Something Else pode ter sido ofuscado pela concorrência. Afinal, se trata de um verdadeiro clássico do rock inglês; um dos primeiros discos a contestar com sagacidade o cotidiano da “provinciana vida na terra da Rainha”, servindo inclusive de inspiração para as gerações seguintes, como podemos ouvir em Ogdens' Nut Gone Flake (1968) do Small Faces ou em Parklife (1994) do Blur.
Lançado em 1966, ano que muitos crÃticos musicais consideram ter sido um dos melhores do rock, graças a produção de discos inovadores como Pet Sounds dos Beach Boys ou Blonde On Blonde do Dylan dos Stones, o brilho de Something Else pode ter sido ofuscado pela concorrência. Afinal, se trata de um verdadeiro clássico do rock inglês; um dos primeiros discos a contestar com sagacidade o cotidiano da “provinciana vida na terra da Rainha”, servindo inclusive de inspiração para as gerações seguintes, como podemos ouvir em Ogdens' Nut Gone Flake (1968) do Small Faces ou em Parklife (1994) do Blur.
Alguns dos principais hits dos Kinks, como Waterloo Sunset, Death Of A Clown e a empolgante David Watts estão presente em Something Else. Mas em meio a essas canções que ironizam o dia-a-dia dos britânicos, que falam de finais de tarde as margens do Tamisa e dos tÃpicos dias cinzentos de inverno, há ali canção perdida - parafraseando o poeta - com um "bocado de tristeza", que parece ser um sambinha tipicamente brasileiro. Trata-se de No Return, quarta faixa do lado A de Something Else, uma composição bem “fossa” de Ray Davies. (Se não soubesse de antemão que se trata de uma composição de Ray Davies, juraria ser uma composição dos Mutantes cantada em inglês...).
A afinadÃssima cantora Bebel Gilberto, filha do “desafinado” João Gilberto com a cantora e compositora Miúcha, sempre gostou de misturar a eletrônica com a bossa nova. Considerada uma das precursoras na implementação da tal bossa eletrônica mundo afora, Bebel é com certeza uma artista que possui sucesso comercial e reconhecimento maiores no exterior do que dentro do Brasil. Por isto mesmo não é de se estranhar que ela tenha sido convidada para participar de This Is Where I Belong (2002), um tributo tipicamente alternativo onde participaram também artistas como Yo La Tengo, The Minus 5, Mathew Sweet entre outros tantos nomes de destaque da música alternativa, homenageando a obra de Ray Davies e dos Kinks.
No tributo, Bebel ficou responsável por dar o toque que faltava para transformar de uma vez por todas a "britanidade" contida No Return em uma brasilidade tipicamente “Jobiniana / Gilbertiana”.