Com 50 anos de carreira e uma imensa bagagem de hits, fica fácil encontrar bons covers feitos por diversos artistas, dos mais diferentes estilos, para as canções dos Rolling Stones. Durante um pouco mais de 3 anos de 1001 Covers, já resenhamos sobre a singular versão de (I Can’t Get No) Satisfaction feita pelo grupo norte-americano Devo e o dançante cover gravado nos anos 90 de I’m Free feita pelos ingleses do Soup Dragons.
Entretanto, até agora, não comentamos aqui versões de músicas dos Stones feitas por artistas brasileiros. É claro que elas existem, até mesmo porque os Stones tem grande influência no mundo inteiro. Em comemoração aos 50 anos da carreira banda inglesa, o portal UOL reuniu uma série de artistas brasileiros da cena independente para gravar suas próprias versões para os sucessos do Stones (veja aqui). Mas sem desrespeitar todas elas – que por sinal são muito boas – nenhuma é mais surpreendente do que a reinterpretação As Tears Go By feita pela saudosa Nara Leão.
Para quem não se lembra, As Tears Go By foi uma das primeira baladas feita dupla Jagger/Richards. Em 1964, Jagger e Richards foram demandados a compor esta balada a pedido de seu empresário da época, Andrew Oldham. A intenção de Oldham era encomendar uma canção para uma, até então, novata cantora chamada Marianne Faithfull (que se tornou logo em seguida namorada de Mick Jagger). Só um ano após o lançamento de Faithfull que os Stones a lançaram no álbum December's Children (And Everybody's).
A versão de Nara Leão surpreende pois a cantora sempre teve sua imagem ligada a Bossa Nova, Samba e Canções de Protesto - estilos distantes do Rock Britânico. Tudo bem, alguns vão dizer que isto não é totalmente surpreendente, pois Nara sempre mostrou versatilidade. Já gravara antes discos cantado só em espanhol e também chegara a interpretar canções voltadas para o público infantil. Em seu último trabalho - lançado pouco antes de falecer - My Foolish Heart (1989), Nara cantou maravilhosamente versões em português para grandes clássicos do jazz norte-americano (leia-se aí Gershwin, Cole Porter, etc).
Entretanto, se não concordas com o adjetivo “surpreendente”, pode-se minimamente concordar que ouvir Nara cantando em inglês é algo raro. Arrisco até a dizer que esta gravação de 1967 retirada de um documentário de retrospectiva sobre a história da TV Record é uma das únicas apresentações em que podemos ouvir a cantora cantando no idioma inglês. Fato que por si só se torna uma espécie de "lembrancinha" para presentear os 50 anos de carreira dos Stones.