Uma das principais atrações para descobrir Cartagena é andar na famosa Chiva Rumbera. Chiva é um ônibus velho, colorido, chamativo, sem portas e janelas onde todos os passageiros são obrigatoriamente convidados a dançar acompanhados de um grupo de músicos que tocam músicas típicas caribenhas durante todo o city tour. Sem falar que todos no ônibus são “abastecidos” de Cuba Libre durante o passeio – menos o motorista é claro!
Pois bem, bem no meio da festa dentro da Chiva Rumbera em Cartagena, o grupo de músicos logo começa a tocar uma música que achei bem familiar. Era mais ou menos assim:
Por parecer familiar, senti que havia um certo “cheiro de cover no ar”. Ali mesmo na balada dentro do busão liguei o Shazam que logo a reconheceu como La Cruz (Palo Bonito). Mais tarde de volta do passeio, joguei na internet e descobri que se tratava de um famoso merengue conhecido simplesmente como Palo Bonito, cuja letra e música é de autoria de Herminio Ricardo Rico. O autor nascido em 1915 na República Dominicana – país donde se originou o merengue - é conhecido como um dos principais compositores desse estilo de todos os tempos, que até hoje fazem sucesso em todas as Chivas Rumberas de Cartegenas e em outras lugares dedicados aos ritmos caribenhos.
Palo Bonito foi gravada e regravada várias vezes por muitos artistas. Uma das primeiras interpretações de Palo Bonito foi feita por Angel Viloria em 1953 lançada no disco Merengues, Vol. 2 . Dos que obtiveram mais êxito com esta canção posteriormente, destacamos a interpretação do cantor porto-riquenho Chayanne de 1988, numa versão que podemos classifica-la como um electro-merengue.
Lá no fundo da minha memória havia algo que remetia Palo Bonito a uma memória infantil, mas eu não conseguia identificar. Para descobrir, comecei a colocar trechos da letra de Palo Bonito no Google. Indo de site em site, descobri que aqui no Brasil havia uma música que a Xuxa lançou cuja letra é assim:
"Palô, palô, palô,
Palô, palito, paloê
Hei! He, he, he
Palô, palito, paloê"
Apesar da substituição da palavra bonito por palito, o restante do refrão e seu ritmo são pratricamente identicos. A tal música dos versos non-sense com trocadilho quase infame ficou conhecida aqui como A Dança do Paloê e foi lançada no disco Xou da Xuxa 6 de 1991 – algo lá do passado, quando eu tinha apenas 10 aninhos. Nos créditos do disco da rainha dos baixinhos, A Dança do Paloê é dada como sendo de autoria de Fafy Siqueira (a atriz, cantora e humorista) e Sarah P. Benchimol.
O mais surpreendente de tudo isto é que em nenhum lugar da rede mundial achei um artigo que correlacione a música da Xuxa com Palo Bonito de Ricardo Rico. Daí fica pergunta: será que os créditos foram dados corretamente a Ricardo Rico? Tô quase indo a um sebo agora para procurar um Xou da Xuxa 6 e ler seus créditos de fio a pavio...
É bem claro que A Dança do Paloê, apesar de ser uma adaptação e não uma versão direta de Palo Bonito se utilizou integralmente do refrão do famoso merengue de Ricardo Rico – apesar substituição.
A Dança do Paloê e Palo Bonito são mais uma prova de que neste mundo de covers nada se perde, nada se cria, tudo se transforma (de bonito em palito).
Conheci in loco a Chiva e mesmo sem conhecer as músicas o ritmo é muito dançante fazendo qualquer um começar a sacudir e entrar no clima!
ResponderExcluirMe lembro só de uma: Cielito lindo
https://www.youtube.com/watch?v=QVQGxFDINng
Cielito Lindo é muito boa! Cláááásssiccooooo
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