0470 - Meu Cariri - Os Diagonais [1969]


Com tanto calor por esses dias, caso a chuva não venha, não se pode descartar a possibilidade de termos novos racionamentos de água. E se assim continuar, a seca vem e daí “macambira morre, xiquexique seca e juriti se muda”, assim já dizia o baião Meu Cariri.

Tendo como inspiração a seca do Vale do Cariri da região Nordeste brasileiro, Meu Cariri expõe de forma direta e sem lamentações os problemas causados pela falta das águas que vem do céu. Lançado em 1953 na voz da grande cantora Ademilde Fonseca, o Meu Cariri foi um dos primeiros sucessos feito pelo pernambucano Rosil Cavalcanti – também autor de outros inesquecíveis baiões como Sebastiana e Na Base da Chinela – em parceria com a maranhense Dilu Melo.


Anos mais tarde, novas interpretações deste baião sugiram, entre elas, podemos destacar a ótima gravação do grupo Trio Orixá de 1955, a belíssima regravação de Clara Nunes de 1973 e a versão de Zé Ramalho gravada em 1991.

Contudo, sem desmerecer as regravações citadas anterioremente, nenhuma delas se iguala em criatividade musical quanto a releitura de Meu Cariri feita pelo lendário grupo Os Diagonais.

Ponto de partida da soul music brasileira sem dúvida nenhuma, Os Diagonais trazia inicialmente Cassiano, Camarão (seu irmão) e Amaro, mas também contou a participação do grande compositor e cantor Hyldon. O disco de estréia lançado em 1969 é formado principalmente de pot-pourris e trazia um Cassiano ainda tímido nas composições. O LP contava apenas com duas canções do baiano e o restante de números consagrados da música brasileira. Certamente, Meu Cariri – que se transformou num delicioso funk soul – é um dos destaques deste disco, que também revisitou obras de Ary Barroso, Altamiro Carrilho e Caetano Veloso, mostrando todo o talento musical, criatividade e qualidade vocal da soul music brasileira.


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